domingo, 15 de maio de 2011

Artes da Existência

“De que valeria a obstinação do saber se ele assegurasse apenas a aquisição dos conhecimentos e não, de certa maneira, e tanto quanto possível, o descaminho daquele que conhece? Existem momentos na vida onde a questão de saber se se pode pensar diferentemente do que se pensa, e perceber diferentemente do que se vê, é indispensável para continuar a olhar ou a refletir. Talvez me digam que esses jogos consigo mesmo têm que permanecer nos bastidores; e que no máximo eles fazem parte desses trabalhos de preparação que desaparecem por si sós a partir do momento em que produzem seus efeitos. Mas o que é filosofar hoje em dia — quero dizer, a atividade filosófica — se não consistir em tentar saber de que maneira e até onde seria possível pensar diferentemente em vez de legitimar o que já se sabe” (Foucault, 1984 [1998]:13).

Lado B

Pois então, resolvi dar liberdade ao meu lado B. O que isso significa? Decidi não tentar mais encontrar soluções produtivas para os incômodos que se instalam dentro de mim, a ordem é não reprimir, não fazer de conta que esta tudo bem, não mais explodir.
Desconfio que meu ego busca novas maneiras de se reorganizar nessa bagunça tapeada. A nova ordem é virar o jogo a meu favor. Ai meu Deus redimensionar sentimentos não é uma tarefa fácil, por outro lado, não quero viver pela metade, tenho que aprender a mostrar meu lado B assim como ele é BBBBB maiúsculo, faz parte de mim, de nós. Vamos lá quarta feira dia 18 ás 18 horas.

segunda-feira, 9 de maio de 2011

Ajustamento

Eu imagino que há tanto tempo quanto eu me lembro de pisar sobre esta terra, tenho o sentimento de não ser um exemprar fiel a espécie. Claro que isso nem sempre foi tranquilo, lembro com muita clareza situações da infância e adolecência que já davam um prognóstico sombrio a respeito do meu futuro como parte oficial da manada.
No inicio da minha "adultez" me via tentando caber naquela roupa que me parecia desajeitada pro meu tipo físico, e realmente era, mas sempre tinha as salvadoras de almas desencaminhadas, dispostas a me enquadrar naquela moldura patética. Todo esforço em vão. Meu lado torto sempre se sobresaia e eu não sabia se me sentia aliviada ou mais desajustada.
Engraçado falar disso agora que sei que quero viver e morrer com todas as minhas idiossincrasias, até porque ajustamento é uma via de mão única e fim de papo.
É claro que todos queremos ser aceitos, mas ainda prefiro que me tolerem com as minha desemelhanças.

Desconstruindo o Sujeito

       A problemática do sujeito tem origem no mundo moderno. Os antigos gregos criaram uma extensa gama de conhecimentos científicos, fundamentos do pensamento filosófico, porém, negligenciaram o problema do sujeito.
       Através do estudo dos problemas da natureza criaram a física, matemática,astrologia, lógica originando o pensamento ocidental. Em contraponto a filosofia moderna ocidental se ocupava em indagar sobre o conhecimento. A era medieval ansiava de armas que os libertassem das amarras feudal e do clero. A partir dai, o homem coloca-se como centro de interesses e decisões sobre sua própria existência, afastando-se do transcendente ganhando conciência de sua subjetividade, ficando entre a realidade e o conhecimento.
      Descartes foi o primeiro pensador a colocar a pergunta. Quem sou? "Um sujeito que pensa". Seu pensamento cartesiano que dúvida de todo conhecimento que o preceda inaugura uma verdade de primeira indubidavel. Eu penso, se penso existo.
      Kant contribuiu para a construçao de um novo sujeito, para ele a conciência lida com fenomênos, o real não é externo ao indivíduo, mas é traduzido no interior de si mesmo. Para Kant a razão é o núcleo do sujeito moderno.
      Rousseau sugere  que a reflexão surge tardiamente no homem, segundo ele o homem em estado de natureza é desprovido de razão e reflexão. O que torna o homem um ser sociável é sua capacidade distintiva e quase ilimitada de desenvolver potencialidades.Para Rousseau o homem é um sujeito do sentimento e não da razão.
      No mundo moderno o sujeito ganha conciência que é uma entidade racional, moral e psicológica, tornando-se soberano, autonômo, estável e compreende que é um ser que pensa e interage com um mundo objetivo. O homem entra em contato consigo mesmo através de movimentos modernos como o Renascimento, Protestantismo, Iluminismo que libertaram a conciência individual das instituições religiosas medievais.
      Continuamos evoluindo e a partir de Karl Marx, o sujeito é determinado por aquilo que faz. As manifestaçãoes de vida refletem aquilo que realmente são, com uma concepção de materialismo, o sujeito é determinado por aquilo que ele faz.
      Marx nos ensina que se examinarmos o homem pela maneira como produz seus bens necessários à vida é possivel compreender as formas de seu pensamento, moral e filosofia.
      Já Nietzsche desconstuiu a noção do sujeito moderno. Para ele o sujeito emerge através das relações de poder, perdendo o sentido do eu fixo, estável, pois o homem é uma espécie cujas qualidades não estão fixadas.
       Freud golpeou nosso narcissismo duramente, mostrando que somos dominados por impulsos cegos e irracionais inconcientes. Diz ele que o eu não é o dono da casa e que o sujeito é um ser da inconciência e governado por um querer cego e irracional. Da-le Freud!
      Ai chega Michael Foucalt que dedicou sua vida a estudar os diferentes modos pelos quais nossa cultura, os seres humanos tornam-se sujeitos. Ele pensa a constituição do sujeito a partir das formas de discurso de  relaçoes de poder. Segundo Foucalt, através do surgimento de conhecimentos como a sociologia, psicopatologias, criminologia,psicanalise e que através dessas práticas regulares de controle, que se modificam através da história, definiram-se tipos de subjetividade, individualidade e técnicas de esquadrinhamento disciplinar que tornaram o indivíduo útil a produtividade.
       Isso significa que o sujeito dócil, serviçal, constitui-se através de práticas diciplinares em instituiçoes de controle como : hospitais, prisoes, fábricas e escolas.
       A partir da segunda metade do século dezenove a humanidade passou a conhecer  o advento da técnica da sociedade de massas.
       Através da razão a a humanidade em vez de entrar em um estado verdadeiramente humano, sucumbiu a um estado de babárie e regrassão social
      A razão tornou-se instrumental, relação calculada entre meios e fins.
      A idéia de sujeito acabado, pronto, estável deixa de existir. Sendo assim, o sujeito não é nada, como sugeriu Locke, uma tábua rasa, uma folha em branco, cujas impressões do mundo vão formando o núcleo da subjetividade.

sexta-feira, 6 de maio de 2011

Somos mesmo muito estranhos

                    
   Engraçado, estava pensando como nós, a humanidade, somos incoerentes. Nos sensibilizamos com grandes catástrofes, desastres naturais ou nem tanto, tragédias que acontecem, geralmente bem longe de nós, e no entanto somos literalmente anacrônicos com o que acontece do nosso lado, com nossos pares no convívio diário. 
   Esse nosso jeito meio nonsense de rejeitar a cena cotidiana, menos trágica, mas que também carrega sofrimento, traça o nosso sentimento de colonizado deslumbrado, ou seja, se a tragédia não for de grandes proporções não merece nossas lágrimas, nossa atenção, nosso sentimento. Somos mesmo muito estranhos. 

E o que é assédio moral no trabalho?

E o que é assédio moral no trabalho?
É a exposição dos trabalhadores e trabalhadoras a situações humilhantes e constrangedoras, repetitivas e prolongadas durante a jornada de trabalho e no exercício de suas funções, sendo mais comuns em relações hierárquicas autoritárias e assimétricas, em que predominam condutas negativas, relações desumanas e aéticas de longa duração, de um ou mais chefes dirigida a um ou mais subordinado(s), desestabilizando a relação da vítima com o ambiente de trabalho e a organização, forçando-o a desistir do emprego.
Caracteriza-se pela degradação deliberada das condições de trabalho em que prevalecem atitudes e condutas negativas dos chefes em relação a seus subordinados, constituindo uma experiência subjetiva que acarreta prejuízos práticos e emocionais para o trabalhador e a organização. A vítima escolhida é isolada do grupo sem explicações, passando a ser hostilizada, ridicularizada, inferiorizada, culpabilizada e desacreditada diante dos pares. Estes, por medo do desemprego e a vergonha de serem também humilhados associado ao estímulo constante à competitividade, rompem os laços afetivos com a vítima e, freqüentemente, reproduzem e reatualizam ações e atos do agressor no ambiente de trabalho, instaurando o pacto da tolerância e do silêncio’ no coletivo, enquanto a vitima vai gradativamente se desestabilizando e fragilizando, ’perdendo’ sua auto-estima.
A humilhação repetitiva e de longa duração, interfere na vida do assediado de modo direto, comprometendo sua identidade, dignidade e relações afetivas, ocasionando-lhe graves distúrbios a saúde física e mental, que podem evoluir para a incapacidade laborativa, desemprego ou mesmo a morte, constituindo um risco invisível, porém concreto, nas relações e condições de trabalho.
Constitui um fenômeno internacional segundo levantamento recente da Organização Internacional do Trabalho (OIT) nos diversos países desenvolvidos. Pesquisa recente da OIT aponta para distúrbios da saúde mental relacionado com as condições de trabalho em países como Finlândia, Alemanha, Reino Unido, Polônia e Estados Unidos. As perspectivas são sombrias para as duas próximas décadas, pois segundo a OIT e Organização Mundial da Saúde, estas serão as décadas do ’mal estar na globalização", onde predominará depressões, angústias e outros distúrbios de saúde mental relacionados com as novas políticas de gestão e que estão vinculadas as políticas neoliberais.
Margarida Barreto - Médica do trabalho - Pesquisadora do Núcleo de Estudos Psicossociais de Exclusão e Inclusão Social  PUC/São Paulo .

O caminho da vida

O caminho da vida pode ser o da liberdade e da beleza, porém, desviamo-nos dele. A cobiça envenenou a alma dos homens, levantou no mundo as muralhas do ódio e tem-nos feito marchar a passo de ganso para a miséria e os morticínios. Criamos a época da produção veloz, mas nos sentimos enclausurados dentro dela.  A máquina, que produz em grande escala, tem provocado a escassez. Nossos conhecimentos fizeram-nos céticos; nossa inteligência, empedernidos e cruéis. Pensamos em demasia e sentimos bem pouco.  Mais do que máquinas, precisamos de humanidade; mais do que de inteligência, precisamos de  afeição e doçura!  Sem essas virtudes, a vida será de violência e tudo estará perdido."
(Charles Chaplin, em discurso proferido no final do filme O grande ditador.)

A dor invisível

                                                          
      Desconforto é a primeira palavra que me vem ao lembra quer sofro de um mal que não é visível  para justificar meus afastamentos do trabalho, principalmente para mim mesma, como se não bastasse a culpa pela depressão, agrava a própria depressão.
    A mais ou menos dois anos comecei a sentir insônia, irritação e muita tristeza, principalmente quando chegava ao trabalho. Custei a ligar os fatos, hoje consigo ver com total clareza o quanto fui afetada pelos acontecimentos.
   O ambiente de trabalho era hostil eu passava a maior parte do dia angustiada, pensando que a qualquer momento o monstro iria atacar com seus insultos, ironias, constrangimentos assediando de várias maneiras com olhares maliciosos, comentários, insinuações, controle excessivo de horários, tempo para o café, saída para o almoço.
   Sentia-me como um malabarista de circo equilibrando muitos pratos rodando sobre  varetas. O esforço foi ficando a cada dia maior e minha tática de ignorar o assédio já não surtia efeito, sem encontrar uma saída, visto que ele, meu carrasco tinha total apoio de seu superior hierárquico foi: primeiro passo remédios para dormir, crises de ansiedade e até o dia de hoje tratamento com antidepressivos e terapia. Meu sono voltou ao normal, mas meus pratos ainda bamboleiam sobre as varetas e às vezes não consigo ser rápida o suficiente para manter os pratos girando.
Meu carrasco, foi transferido, mas às vezes me espia e reaparece com outra pele, outro rosto, até parece angelical, às vezes.